Semana de Dança Educação gera laços, compromissos e esperança

Dr Ralph Buck localiza Nova Zelandia numa roda com AfroMundi, produtores da Semana de Danca Educacao, na Casinha de Cultura

Na última semana de 7 a 14 de outubro de 2013 recebemos o dança educador Dr. Ralph Buck, Diretor de Dança do Instituto de Artes e Indústrias Criativas da Universidade de Auckland, Nova Zelândia e Coordenador da Aliança Mundial pelas Artes Educação. Ele voltou ao seu país no final de uma Semana de Dança Educação que deixou marcas históricas aqui em Marabá e no mundo de instituições, gestores e educadores buscando um novo modelo de educação para século XXI. A primeira visita do gestor ao Brasil e à Amazônia foi muito além do cronograma planejado e pode gerar múltiplas colaborações internacionais.

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A semana começou com uma intervenção artística de dança no aeroporto de Marabá pela Cia. AfroMundi: Pés no Chão que apresentou inesperadamente uma obra contemporânea que acabou com o preconceito que Marabá somente domina o ballet clássico e a dança folclórica. Alojado em nossa Casinha de Cultura aqui no Cabelo Seco, o gestor mundial passou os primeiros dois dias entrevistando os arte educadores e mestres da nossa Universidade Comunitária dos Rios, aqui no bairro Francisco Coelho e em São Felix, para conhecer as realidades da região e entender o contexto de sua atuação na Câmara Municipal dos Vereadores e na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.

E_vany Valente das Latinhas de Quintal entrega Amazonia Nossa Terra as autoridades

Ralph participou na entrega formal do nosso CD Amazônia Nossa Terra à todos os vereadores e dezenas de escolas e entidades municipais pelos jovens artistas do Rios de Encontro, numa plenária cheia de gestores, professores e entidades sociais de Marabá. Gravou os parabéns de diversos vereadores que destacaram a ética e seriedade do projeto que vem transformando o perfil do Cabelo Seco de um bairro excluído e violento em uma fonte de produção artística e formação socioeducativa, a partir do resgate de sua raiz afrodescendente cultural. Expert em dança comunitária na busca de democracia participativa e cidades criativas, Ralph anotou os discursos das autoridades com parte de sua pesquisa para UNESCO.

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Porém, o apelo aos formadores e a sociedade civil presente de questionar e debater o projeto de industrialização dos rios e florestas amazônicas de repente ficou bem mais urgente e palpável depois da contribuição de Ralph “Cada floresta derrubada, cada barragem e cada hidrovia construída aqui aumentam o aquecimento global. Já causou enchentes na minha região do Pacífico. Já perdemos ilhas que eram terras de povos e nações. Imploro a vocês debaterem antes de construir obras que nem a China ou o Japão terão condições para aproveitar”.   

Zequinha Sousa apresenta pesquisa sobre vida amazonica na roda de dialogo

Zequinha Sousa (RdE), Dr Alixa Santos (UFPA), Dr Ralph Buck (WAAE), Bressan (SecEduc) e Dan Baron (UCR)

Logo em seguida, na Casinha de Cultura em Cabelo Seco, Ralph reuniu com Luiz Bressan, Secretário de Educação de Marabá, Professor Alixa Santos do Núcleo de Arte Educação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Zequinha Sousa, mestre do Cabelo Seco e Dan Baron, coordenador da Universidade Comunitária dos Rios para realizar uma roda de diálogos sobre o papel das artes na formação de professores e na criação de uma educação capaz de integrar a família, a comunidade e a escola.

A troca de perspectivas entre a educação formal e comunitária criou laços de amizade e propostas para possíveis colaborações futuras e antecipou o momento extraordinário quando assinamos um acordo de cooperação, talvez inédito no mundo, entre educação formal e comunitária, e poder público, lançando um Ano Cultural de Paulo Freire em 2014, numa noite de cultura viva no campus de Universidade Federal.

O Secretaria de Educacao assina o termo-de-cooperacao na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Para

O coordenador da Aliança Mundial pelas Artes Educação concluiu sua visita com contribuições aos cursos de Inglês, Teatro e Dança em nossa Universidade Comunitária dos Rios, e ministrou um curso de dança educação e curriculum para todos os professores da Escola Municipal José Mendonça Vergolino, e oficinas de formação para as companhias de dança e para Cia AfroMundi.

Ralph também vivenciou a Bicicletada pela Infância que juntou jovens de Cabelo Seco com jovens da Escola Duque de Caxias na Vila Militar Presidente Castelo Branco numa festa cultural, e assistiu a primeira Mostra de Dança de Marabá no Barracão de Cultura do Cabelo Seco.

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No lual de despedida na Praia do Tucunaré Ralph disse sorrindo “Adoro você, Cabelo Seco!” e depois de um dia de passeio nos Rios Tocantins, Araguaia e Itacaiúnas. “Essa visita tem mudado minha vida, e tenho certeza que as músicas e danças deste projeto vão sensibilizar o mundo e transformar o futuro de vocês, da cidade e do mundo. Talvez vocês não tenham noção sobre o significado de tudo que vocês estão fazendo. Quem teria imaginado jovens pesquisadores, produtores e artistas sérios no meio de tanta destruição, inspirando debates abertos sobre o futuro da Amazônia e do planeta? Nova Zelândia e Austrália pulsam todo dia com estes debates. Podem contar comigo. Vou alertar os governos do mundo sobre o tamanho do risco e da coragem que vivenciei aqui.”

A roda de agradecimento no Cabelo Seco gerou projetos possíveis que Ralph Buck levará à Universidade de Auckland e a Unesco. Vamos discuti-los com os Secretários de Cultura e Educação, no contexto de um projeto bem maior – a formação de jovens capazes de cultivar comunidades amazônicas sustentáveis.

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Acompanhe a matéria publicada pelo nosso parceiro Ulisses Pompeu no jornal Correio Tocantins.

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