O projeto eco-cultural e socioeducativo enraizado em Cabelo Seco desde 2009, Rios de Encontro, marca a conclusão de dois meses de oficinas de dança, percussão, audiovisual, flauta e jardins medicinais, com a primeira de quatro apresentações Afro-Brasileiras. Coincidam com a aprovação ontem na ALEPA da Lei Semana de Bem Viver no Estado do Pará, e a 3ª Residência de Bem Viver AfroRaiz, com a volta do Cia de Dança Abayomi de Florianópolis, rumo à uma Turnê Europeia em Setembro de 2019.
“Estamos sentindo realizados com as apresentações na Iª Gincana da Escola Irmã Theodora”, disse Katrine Alves, co-coordenadora do jardim bem viver e colaboradora com Camylla Alves na oficina de dança da segunda turma do projeto Conexão Afro na Irmã Theodora. “Nosso orgulho vem do fato também que esta apresentação é fruto de nossa primeira gestão, produção e coordenação autônomas de um projeto, em três escolas!”
“Um fruto que simboliza muito”, disse Manoela Souza, gestora cultural e formadora do Coletivo AfroRaiz. “Coincide com a aprovação da Lei Semana de Bem Viver do Estado do Pará. Depois de tantos fóruns e festivais em Cabelo Seco dedicados ao resgate e reinvenção da visão indígena, Amazônia vem apontando um projeto alternativo ao maior desmatamento na historia. Bem no momento quando Cabelo Seco vem sofrendo disputas armadas entre traficantes causadas pelo aumento de pobreza, e nosso projeto sofre um assalto que levou violões, máquinas fotográficas e uma caixa de som, nossos jovens vem celebrando seu primeiro projeto escolar independente!”
“É significativo que essa Lei de Semana Bem Viver está enraizada numa década de ação comunitária em Cabelo Seco e séculos de sabedoria indígena da América Latina”, disse Dan Baron, na volta de uma viagem para construir a turnê de arte educação na Europa. “No dia 15 de março, mais de um milhão de crianças e jovens de 120 países realizaram uma Greve Escolar Contra o Colapso Climático, inspirada pela jovem sueca, Greta Thunberg. Gerou o movimento ‘Rebelião Extinção’ que está mudando o imaginário do mundo”.
“Mas acusar governantes de cumplicidade na violação da natureza, de ter roubado gerações de seu futuro, e de não ter feito seu dever científico, é insuficiente”, disse Dan. “Protesto chama atenção. Bem viver é um projeto, de envolvimento comunitário sustentável. Integra cultura, educação, saúde, segurança e produção de alimentos, ecológicas.”
Na segunda passada, Rios de Encontro realizou uma roda com jovens em alto risco, na Casa dos Rios, para pensar juntos como recuperar os violões e câmeras. “Não chamamos a polícia”, disse Manoela Souza. “Praticamos segurança comunitária. Explicamos que a violência econômica e repressora que geram pobreza, desespero e isolamento, causou o furto. O mal viver mundial. Sem violência predatória, Amazônia renovará o futuro.”